quinta-feira, 22 de maio de 2008

Acordada

Quando a madrugada
Se prolonga na alvorada
Choras, por estares acordada
E não teres sonhado com nada

E na noite que se segue
É o mesmo vazio que te persegue
É isso que te arrepia
Estar acordada... noite e dia

Feiticeiros

Nada pretendem,
Ao pretenderem justificar-se;
Não duma forma anárquica!
Apenas generalizam;
Repetem sistematicamente;
Quando nada nos parece claro;
Falam-nos de Deus

terça-feira, 22 de abril de 2008

O Silêncio das Ondas

Que dirão as ondas agora?
Agora que rebentam na ilha despovoada de vida
Onde só os mortos vagueiam
Que dirão as ondas agora?
Comandadas pelo velho Vento
Agora que só nos resta recordar

Que dirão as ondas agora?
Quando as árvores
São tenebrosas árvores
Despidas de folhas
Distingue-se uma estrada
E mais nada

segunda-feira, 24 de março de 2008

Sirinx

Nauseabundo
Cheiro a podre
Emana do corpo da velha Rainha
Um passo incerto
E um novo Mundo
E sim! uma nova paixão
Explode lentamente
Dos escombros
Alguém chora
Pela sua adivinha
E alguém grita
Viva a Nova Rainha

domingo, 23 de março de 2008

Visões

Sentado na cadeira
Encho-me de saudades
Levanto-me e saio para a rua
Corro
Corredor após corredor
Enfim a luz do dia
Desço as escadas, três a três
Abrando o passo
Atravesso os arbustos
Que escondem a tua rua
Atravesso-a desinteressadamente
Por entre os cabelos, procuro-te
Estás á janela
De costas para mim
Só te vejo os cabelos
O ângulo morre
Deixo de te ver
A rua acaba
Volto a correr
Vi-te os cabelos
Estou feliz
Volto para casa
Sento-me de novo
Espero encher-me de saudades